Sou...

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Zürich, Zürich, Switzerland
Irrequieta. Curiosa. Criativa. Apaixonada. Versátil. Nasci quando as estrelas se juntaram para me ditarem no destino a Arte. Deveria estar frio... mas eu não me lembro. Escrevo desde que aprendi a fazê-lo. Umas vezes para me divertir, outras por desafio a mim mesma, outras porque as mãos me suam, implorando que o faça. Talvez um dia dê ouvidos aos meus amigos e faça por escrever um livro e o publique. Os textos e fotografias deste blog são da minha autoria, salvo aqueles que estão assinalados em contrário.

E Então É Isto



O telefone avisa a recepção de uma mensagem. “Jantamos juntos no próximo sábado?”. Pergunta. Com uma semana pela frente até à data marcada, tenho tempo para reflectir sobre o tanto que já vivemos. Tenho tempo para ponderar se seguro pelas rédeas o que quero sentir, ou se de pés assentes no chão, aceito e entrego, sem perguntas ou expectativas. Na corda bamba nunca fui boa acrobata, e houve tempos em que lutei desesperadamente pelo equilíbrio, entre o amor próprio e a sede de ti. Será que foi o hábito de nos acompanharmos que nos atira à saudade? Ou é o conforto pelo que nos conhecemos que não facilita a distância?

Na hora marcada, espero no lugar combinado. Está frio… Desisti do vestido e optei pelas calças de ganga práticas, blusa, blaser e sobretudo. O vento começa a levantar-se agora, depois de um dia solarengo a meio do Inverno. Promete tempestade ou no mínimo chuva forte. Não tenho tempo para reflexões. Ele chega com um sorriso nos olhos e charuto na mão. Entro e arrancamos. Trocamos os galhardetes comuns e conto-lhe os acontecimentos dos últimos dias. Cobra-me pelo telefonema que ficou à espera de receber. Não há romantismos de contos de fadas. Há uma tensão palpável que nos aproxima e empurra para os braços um do outro. Mesmo nos momentos em que ficamos a ver documentários sobre a vida animal, deitados no sofá.

Observo o ritual do abrir da garrafa de vinho, da preparação da refeição. Não perde a concentração, nem mesmo quando me passeio, provocante, à frente dele. É nesses momentos em que lamento a minha pouca resistência e força. Diverte-o saber-se desejado… Desisto. Logo a seguir, vem e provoca-me com um beijo. Trouxe-me limão. O jogo do ataca e recolhe e da indiferença, resulta num desejo crescente; e a malagueta e o vinho são uma combinação explosiva que uso como desculpa para assaltá-lo de surpresa. Não cede. Percebo que hoje não se quer render ou entregar na minhas mãos. Quer que me deixe dominar, que sucumba aos seus caprichos e vontades. Não é pacífico… Pretendemos vencer-nos pelo cansaço e teimosia, viramos costas e damos mil voltas até nos tocarmos de novo.

Amamo-nos em cada beijo, em cada toque, em cada entrega, em cada gemido, em prazer e sorrisos. O limite contido num abraço. Resumido a quatro paredes, um chão e um tecto. Somos mais que um corpo. Adormecemos exaustos e o dia acorda limpo. O frio lá fora continua. Dentro de nós a vida recomeça.


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