Sou...

A minha foto
Zürich, Zürich, Switzerland
Irrequieta. Curiosa. Criativa. Apaixonada. Versátil. Nasci quando as estrelas se juntaram para me ditarem no destino a Arte. Deveria estar frio... mas eu não me lembro. Escrevo desde que aprendi a fazê-lo. Umas vezes para me divertir, outras por desafio a mim mesma, outras porque as mãos me suam, implorando que o faça. Talvez um dia dê ouvidos aos meus amigos e faça por escrever um livro e o publique. Os textos e fotografias deste blog são da minha autoria, salvo aqueles que estão assinalados em contrário.

Férias

Até já - digo-lhe. E desligo o telefone. Pego na chave do carro e voo até ao prédio onde mora. Subo, a correr, as escadas até ao quarto andar, paro para recuperar fôlego e aproveito o passar do comboio para abrir a porta sem que se aperceba da minha chegada. Na casa de banho uma banheira cheia à minha espera e ele. Entro e a luz pálida e suave das velas deixa-me confortável para que me dispa sem receio. Ele olha-me e mesmo antes que me consiga tocar, sinto-lhe os dedos na minha pele, os lábios macios, a boca quente, a língua húmida. Estende-me a mão e entro na água morna e perfumada. Nos primeiros momentos do reencontro as palavras são por norma escassas. Beijamo-nos. Umas vezes como que a matar saudades, demoradamente, languidamente. Outras vezes, ao contrário, o desejo é sôfrego, violento, exaltado. Sento-me de frente para ele e deixo que me lave o peito, as pernas, os pés com a espuma leve. Respondo o massajo-lhe o pescoço e as costas. Sabe bem a tranquilidade das noites sem planos e sem pressas, em que nos encontramos porque queremos.
Levanto-me e ele repete o gesto. Ajuda-me a espalhar óleo na pele ainda molhada enquanto brinco com os pelinhos que lhe salteiam o peito. Ri-se.
Queres preparar-me um chá?, peço-lhe. E ele acede, afastando-se com a toalha enrolada à volta da cintura. Enrolo-me no turco macio e espesso que faz lembrar os hotéis de 5 estrelas e as mil e uma noites em terras árabes. Adormeço quase instantaneamente mal caio na cama, para logo a seguir acordar com os dentes dele a trincar-me finamente os músculos do pescoço e os ombros. Subjuga-me prendendo-me os braços com as mãos e apoiando o peito nas minhas costas. Desliza sobre elas e afasta-me as pernas. Espera e faz-me esperar. Faz-se esperar. Gosta de me ver a debater-me com a vontade que tenho de o ter dentro de mim, com o desejo que me possua. E depois fá-lo, quebra a espera e o silêncio. Os gemidos misturam-se com a força com que me assalta e o som dos corpos que batem e deslizam um sobre o outro.
“Quero ver-te” e solta-me, permitindo que me sente em cima dele, que conduza a meu bel prazer o ritmo e profundidade de algo que transformo numa dança que me desperta, aquece e faz delirar. Aguento, tento controlar a respiração e manter-me num quase orgasmo que não explode mas cresce.
“Agora vem” e saio de cima dele, viro-lhe as costas, ajoelho-me e agarro com força as grades da cama. De rabo empinado, oferecida e rendida. Penetra-me e puxa-me sempre e cada vez mais para ele, segurando-me pelos ombros. Sinto-o duro, cada vez mais. O ritmo aumenta, as estocadas tornam-se mais altas e ecoam pela casa. Gemo, grito, sinto um calor crescente que me invade a nuca e se precipita pela espinha abaixo em direcção ao interior da minha vagina. Um arrepio sobe e desagua no interior da minha cabeça e no momento em que expludo, sinto a explosão dele. Vem-se sem dizer uma palavra, num grito contido, quase um esgar de prazer. Suor, fluidos e gargalhadas, que culminam em corpos cansados abandonados num abraço longo, salpicado de beijos, mimos e palavras roucas.

Segredos

Pego-te pela mão e puxo-te para mim. Digo-te baixinho, ao ouvido- vem, quero mostrar-te algo. Entramos no comboio e subimos a montanha. Seguimos depois por caminhos estreitos e carreiros apertados para desaguamos em clareiras limpas e amplas, ladeadas por árvores grandes, altas e fortes. A floresta abre-se para nós e na caminhada encontramos raposas, milhafres, águias, ratos do campo, grilos, gafanhotos, aranhas e um sem número de insectos e outros animais. Mostro-te os locais que sei de cor e falo-te do cheiro do pinhal, dos carvalhos, das acácias, bétulas... Cheira-se ainda o trigo quase pronto a ser colhido ali perto. São os campos abertos e dourados, que há pouco ainda se salteavam de vermelho que te quero mostrar. Sente-se o vento quente que agita as folhas acima de nós. O canto das cigarras torna-se mais próximo. Vês aquela árvore lá no alto? É lá que te quero levar. Abrimos caminho por entre o trigo alto e deixamos atrás de nós o rasto da nossa passagem. Lá em cima a sombra é fresca e a vista para poente desimpedida. Ficamos sentados, encostados ao tronco grosso do velho sobreiro. O sol desce e o céu tinge-se de rosa, laranja, ouro e fogo. Encostas a cabeça no meu peito, dedilho o teu cabelo. Aqui respira-se paz...



Chuva de Verão


A água cai como se fosse chuva de verão e molha-lhe a pele quente de um dia passado ao sol. Ainda tem na memória as  palavras que ele lhe escreveu na última mensagem que trocaram. Fecha os olhos e procura-se. Entrega-se a um prazer solitário que lhe arranca gemidos baixos, contidos. Um prazer que a molha em desejo e a faz contrair-se.

Em silêncio, ele olha-a, do lado de fora e quando o ritmo denuncia o que está a chegar, ele pergunta: “Posso juntar-me a ti?”
“Não me apercebi que tinhas chegado. Vem...”

Sem roupa, entra, pega-lhe ao colo e encosta-a contra o mármore frio da cabine de duche. A pele arrepia-se-lhe e ela aperta com força as pernas à volta da cintura dele.Deixa-se escorregar para o sentir, devagar, até ele desaparecer por completo dentro dela. Os braços fortes seguram-na sem dificuldade e ele faz-se entrar uma e outra vez, sempre mais fundo, mais dentro e mais rápido. Abranda apenas quando ela lhe crava as unhas nos braços, revelando estar perto de perder o controlo. Sabe que não tem muito tempo e que ela se derrete em prazer a cada investida.
“Não me faças esperar mais”, pede-lhe. E ele acede. Forte, vigoroso, possante e a cada novo assalto, sente-lhe o corpo a arquear-se, quente, húmido. A respiração torna-se-lhes mais rápida e os gemidos contidos transformam-se em gargalhadas que se misturam com o prazer que agora escorre e se vai com a água que os molha.

“Ainda bem que chegaste” diz-lhe ela sem o largar daquele abraço.