Sou...

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Zürich, Zürich, Switzerland
Irrequieta. Curiosa. Criativa. Apaixonada. Versátil. Nasci quando as estrelas se juntaram para me ditarem no destino a Arte. Deveria estar frio... mas eu não me lembro. Escrevo desde que aprendi a fazê-lo. Umas vezes para me divertir, outras por desafio a mim mesma, outras porque as mãos me suam, implorando que o faça. Talvez um dia dê ouvidos aos meus amigos e faça por escrever um livro e o publique. Os textos e fotografias deste blog são da minha autoria, salvo aqueles que estão assinalados em contrário.

Pôr do sol

Se eu não souber interpretar
as tuas
entrelinhas
trocadilhos
hipérboles
meias palavras
silêncios
eufemismos
ausências
verdades em forma de mentiras
e
mentiras escondidas em verdades...


Se eu não souber ser
nem barco
nem farol
nem mar
nem tempestade
nem ave
nem porto de abrigo
nem paz
nem coisa alguma...


Se tudo o que sinto for apenas um erro do coração
Terei, enquanto os meus olhos não se fecharem
Um sol que beija todos os dias o horizonte
e se recolhe para que a noite
me suavize a dor que já não sei chorar...

Viagens

8 e meia da manhã e as portas do comboio continuam abertas à espera dos passageiros que correm e chegam segundos antes do apito mandar seguir viagem. Estou no meio deles, vejo-os a passar e a fazerem contorcionismos para me ultrapassarem e não irem de encontro a uma coluna. Não corro porque continuo dividida entra a vontade de ir ter contigo e a teimosia de não dar o braço a torcer. Sei de cor as linhas e as paisagens… Sei de cor os minutos que me deixam cada vez mais perto de ti…


Não vou quebrar!

As cores iluminadas pelo pôr do sol são mais nítidas...

O ar quando inspirado conscientemente tem cheiro...

As distrações custam caro, mas eu...

Não vou quebrar!

Vou dizer-te sempre o oposto do que sinto

E não vou quebrar...

Mas acabo por entrar. Por coincidência(ou não), fui reconhecida e esperaram por mim. Caminhei até à carruagem onde não é permitido conversar ou fazer barulho, apenas porque queria ficar em silêncio. Uma parte de mim não queria entrar ali. As pernas tinham vida própria e tinham-me conduzido até ali. Queria levantar-me e puxar o travão de emergência, correr de volta para o local que eu sabia seguro, mas o meu corpo subitamente tornou-se pesado e eu fui incapaz de me mexer. Como se ele me forçasse a encarar de uma vez por todas os medos e as palavras que não te quero dizer…

Adormeci. Tive pesadelos e quando acordei tinha a língua seca e áspera. Precisava de água. Melhor, precisava de uma bebida qualquer com um forte teor alcoolico pra ver se me tornava menos sóbria, menos controlada, menos controladora dos meus passos e acções. E porra, naquele momento até me sentia capaz de desafiar as leis e fumar um cigarro no espaço mais cheio de proibições do comboio. Não tinha nada a perder. Afinal se me levassem presa por uma noite, seria um alívio. Não teria que obedecer, contrariada, à vontade do corpo e procurar-te.

O dia começou mal, pensei ! Afinal tinha-me esquecido dos cigarros em casa, quando troquei a carteira e a bolsinha com meia dúzia de preservativos, do saco à tira-colo para a mochila… Bem, mais uma vez, involuntariamente, preservo a saúde dos pulmões e das artérias…

Já parámos algumas vezes, noutras cidades, entre a minha e a tua. O lago lá ao fundo saúda-me com um sorriso cínico. Tou farta das viagens, cansada de me ter perdido algures no cruzamento do acaso…

Chego ao destino.

Vejo-te à minha espera, ansioso. Desta vez trazes uma rosa na mão. Tu sabes que eu gosto de rosas… Continuo sentada e tu pareces ter um ar perdido e confuso. O telemóvel vibra. Pego na mochila, levanto-me… e mudo para o banco do lado, virada no sentido oposto ao que fiz a viagem. Dentro de 5 minutos o comboio inicia a viagem de regresso.

Não vou quebrar !

Olho o relógio, oiço o apito… não te procuro mas sei-te do lado de fora, no meio da multidão. No telemóvel as chamadas compulsivas que fazes vão subindo de número. Eu oiço a vibração, não vou atender…

A gravação dá as boas vindas aos passageiros. 3 línguas diferentes, para dizer a mesma coisa… É o que dá viver num país onde as línguas oficiais são 4…

Encosto-me, descontraio, sorrio… e adormeço


Eufemismos

Há males que parecem ser altamente contagiosos!


Uns queixam-se de falta de inspiração, outros escrevem, sem se aperceberem que não despejam nada de jeito e que ninguém está interessado em ler porcaria (o meu caso), outros vão copiar textos já gastos de tanta volta que deram e por isso são aborrecidos, por não contarem nada de novo. Mas felizmente ainda há quem traga para os blogs umas coisas interessantes e originais ;)

Andar com a cabeça em água faz destas coisas: suores nas mãos e pouca imaginação, ou então falta de perícia, para aproveitar uma qualquer palavra e iniciar algo minimamente aceitável para consumo.

Sei que mais dia, menos dia, vou ter uma daquelas urgências e não poderei adiar mais... É quase como querer fazer um chi-chi, e aguentar até a bexiga ficar prestes a explodir. A vontade vem de mansinho, e volta a ir embora. E até se fica fixe. O nervosinho por não se conseguir encontrar um local onde baixar as cuequinhas vai embora e a vida continua. Passado algum tempo, e porque se continua a beber águinha (pois, que rivella é só em dias muuuuito especiais), algo vem lembrar que a bexiga continua a encher, mas... tenta-se não pensar... e a vontade lá se recolhe. E anda-se nisto duas horas, até que já não se quer saber se alguém passa e repara naquela posição estranha, as calças na mão e a cara de parva (huh, aha, yes... que booooooom ). Despeja-se o que o corpo não quis, recompões-te e continuas. Até à próxima...

Pois é... tentar distrair a mente dá asneira. Na volta, como prémio, ainda ficam umas pinguinhas nas cuecas a lembrar que um dia, se os músculos não forem treinados, a incontinência pode ser uma realidade...

O que eu estou práqui a tentar despejar... é que nem sempre o que digo ou escrevo é exactamente aquilo que sinto e quero. Por vezes o que sai é apenas o que o coração não aproveita, porque não precisa. É o lixo... o resultado da depuração do que me faz viver...

E quando estou até às duas ou três da manhã, sem conseguir dormir porque preciso de escrever, porque os dedos procuram as teclas, ou desenham coisas estranhas numa folha de papel, o que sai, o que lá deixo, e muitas vezes apago, risco, recomeço... o que lá deixo... é infecção, hematúria, ureia...


(Quero!
Quero aquilo em que nos inventamos
Quero a dança dos sentidos embriagados em champanhe
Quero o que fica por dizer nas palavras que não nos atrevemos a pronunciar
Quero os passeios de mão dada, os abraços e os fins de tarde tranquilos
Quero os beijos com sabor a ti e com sabor a mim...
Quero a urgência com que falas e me remetes ao silêncio, pelo prazer de te ouvir
Quero o confronto!
Quero...)

"QUERO CURTIR SEM COMPROMISSO"

"Meia dúzia de fotos estratégicamente escolhidas, um nome e uma morada falsa, um objectivo: engate para uma noite de sexo, troca de corpo por corpo, prazer fugar e vazio!"

Parece que agora está muito na moda o curtir sem compromisso. Pois, eu sei que o tema já está gasto. Mas isto faz-me pensar...


 * Faz-me pensar ao estado de irresponsabilidade a que o ser humano chegou, para agir desculpabilizando-se, descartando-se das consequências dos seus actos.

 * Faz-me pensar ao ponto de isolamento a que nos obrigamos, por medo de viver, de sentir.

 * Faz-me pensar na inércia e na facilidade que é desistir de construir e alicercar relações.

 * Faz-me pensar na miséria a que nos sujeitamos quando entregamos um corpo sem entregar a alma, esperando receber qualquer coisa parecida com Amor...

E fico triste... :(