Sou...

A minha foto
Zürich, Zürich, Switzerland
Irrequieta. Curiosa. Criativa. Apaixonada. Versátil. Nasci quando as estrelas se juntaram para me ditarem no destino a Arte. Deveria estar frio... mas eu não me lembro. Escrevo desde que aprendi a fazê-lo. Umas vezes para me divertir, outras por desafio a mim mesma, outras porque as mãos me suam, implorando que o faça. Talvez um dia dê ouvidos aos meus amigos e faça por escrever um livro e o publique. Os textos e fotografias deste blog são da minha autoria, salvo aqueles que estão assinalados em contrário.

A Porta

Algures, na costa dourada, exposta ao sol e com vistas para o lago, uma casa ergue-se no planalto, distinta, elegante, ostentando poder mas não luxo exacerbado roçando o mau gosto. A decoração é simples, dando-se destaque e prioridade ao espaço aberto, livre. No salão da entrada principal um enorme candelabro de cristal paira sobre uma estrela de 8 pontas desenhada a madeira de carvalho no chão. Na sala de fumo, uma ou outra peça de prata, e nas paredes que rodeiam as escadas que sobem para o primeiro andar, molduras com retratos de família e pinturas feitas pela mão da dona da casa. Aqui, onde não falta uma garrafeira, piscina, sauna, jacuzzi, ginásio e todas as máquinas para manter o corpo modelado à vontade do que manda a sociedade e a saúde, há uma porta que está sempre fechada.

Amigos, conhecidos e outros que vêm aqui para um qualquer negócio, questionam-se sobre o que haverá atrás da porta trancada. Alguns tentam em vão descortinar algum fio de luz através da fechadura. Até o pessoal da limpeza que de vez em quando lá passa, se pergunta e especula sobre a porta fechada.

Há palpites, apostas, sugestões para resolver o mistério.

*Foto da Net


E um dia a porta abre-se...

No espaço sem janelas encontra-se o coração daquela casa. Tudo o que faz com que ela funcione. Desde o quadro eléctrico, até ao alarme. A caldeira, o controle dos tubos de aspiração, bombas da piscina entre outras pequenas máquinas e instrumentos.

É... as casas também têm um coração, que devemos proteger. E o facto da porta para este coração estar cerrada, não quer dizer que atrás dela exista algo misterioso para esconder dos amigos e das visitas. A porta está cerrada para podermos continuar a usufruir da água quente na banheira, de um quarto escuro ao meio dia, quando os estores baixam para permitir uma sesta, ou de música pela casa inteira, sem grandes alterações no volume à medida que passamos pelos diferentes espaços.

Espero ter-vos dado algo para pensar...

Doces de Amêndoa e Manjericos



Ainda no crepúsculo de um dia que vai começar, debaixo do edredão de penas, procuro-te com as mãos. Não o teu corpo, o teu sexo... Procuro o teu palpitar, as batidas do teu coração, a tua vida cheia de momentos por viver. Procuro o teu acordar lento e meigo, o abraço que me entregas, com um sorriso.

É hora, vamos - digo-te. E dou-te a mão, para te arrastar para fora da cama. Sais de gatas, como um bebé, ou como um tigre ensonado que desperta depois de uma refeição farta. Bocejas, espreguiças-te e puxas-me para ti para me beijares os olhos e dizeres bom dia.

Vou ligar a máquina de café enquanto tu tiras do armário uma manta quente. Vamos lá para fora, para a varanda virada para este, para ver o sol nascer. O cheiro do café forte desperta-nos os sentidos, e o quente do líquido amargo e acidulado desperta os corpos. Está fresco. Os amanheceres de Verão são sempre frescos, dizes-me. E encostas o teu peito nu nas minhas costas, depois enrolas-nos na manta azul mar e esperamos.

O céu muda de cor, o sol espalha-se pelo planalto, sobe os pequenos montes, toca o rio, e continua a cobrir tudo de luz, parecendo correr apressado pela Terra, enquanto se levanta.

Da sala vinha o som da mais recente selecção de músicas que tínhamos feito, num desses serões entre amigos, em que se joga trivial e se bebe Vinho do Porto em pequenos goles. Cada um procurava uma música. E todas elas seriam compiladas num CD, que ao fim da noite guardaríamos como recordação. A regra: só podia ser música portuguesa. E agora, Zeca Afonso, com a sua Canção de Embalar, logo pela manhã, dava uma magia diferente ao dia que começava.

Nero junta-se a nós, pedindo para sair. Hoje ele vai ter que esperar.

Levanto-me e segues-me até ao duche. Ficas a ver-me através do vidro que vai embaciando. Sorrio quando o teu desejo se torna visível. E depois sorrio por me deixares no meu momento, sem me provocares, sabendo que não consigo resistir. Dás-me a toalha branca, que cheira a fresco. Seco-me com ela, deixando-te depois sozinho.

No dia anterior tínhamos recebido uma encomenda com pequenos mimos e iguarias de presente. O habitual pequeno almoço com ovos, manga e pão fresco, hoje era substituído por pão torrado com manteiga, marmelada, queijo da Serra, uma colecção de miniaturas de doces confeccionados com amêndoa , cerejas do Fundão , sumo de maracujá e água. A mesa está posta, quando sais despenteado, descalço e com a barba por desfazer da casa de banho. Adoro ver-te assim, pela manhã, Cabeça de Andorinha. Passou pouco mais de hora e meia desde que acordámos e vamos no segundo café. Viciados!!!

Saímos para a rua, com as chaves do barco no bolso e o cesto do piquenique. Nero à nossa frente abana a cauda de contente. Pelo caminho reparamos como a chuva dos dias anteriores fez bem à terra e o verde ficou com mais brilho. Nero dá pequenas corridas nas quais se afasta, para voltar para a nossa beira. Depois atiras-lhe com o pau que ele te trouxe. Ele corre para o apanhar e regressa com ele na boca, para repetir a brincadeira. Deixa-mo-lo em casa de Natália, que nos cumprimenta com um abraço e se despede piscando o olho ao desejar-nos um dia feliz.

Chegamos ao cais e entramos. Subimos o rio e baixamos ferro num local onde ele corre lento e pouco profundo. É ali que às vezes escrevemos as nossas histórias a duas mãos, que nos libertamos para fotografias atrevidas, que fazemos amor, que deitas a cabeça na minha barriga e ficas a ler em voz alta um dos teus livros, enquanto dedilho e formo pequenos caracóis no teu cabelo.

O dia está quente. Quente e invulgarmente húmido para esta hora do dia. Mergulhamos para nos refrescarmos.


Decidimos testar a resistência ao desejo. É um jogo que nos dá prazer, a espera para nos sentirmos...

Um Quinta da Lixa muito fresco acompanha-nos a conversa sobre as aventuras e desventuras nos projectos que tomaram pernas e seguem em frente, sobre amigos que ligaram com um convite para uma festa, sobre a próxima viagem a Nova York, sobre as obras que precisam ser feitas em casa, sobre o teu sonho de ser um escritor reconhecido, sobre o meu sonho de abrir uma biblioteca onde anciãos contam histórias de lobisomens e bruxas. Os cigarros acumulam-se em beatas no cinzeiro.

A fome assoma e deliciamos-nos com comida prática, simples mas deliciosa. Pão de cacete com fiambre, queijo, paio, ovo, maionese, tomate e alface, pão de cereais barrado com queijo fresco e recheado com tomate e ainda tostas pequeninas que cobrimos umas vezes com creme de abacate onde o paladar descobre cebola, salsa, vinagre, pimenta e ovos, outras com creme de atum, com notas de mostarda, pickles e salsichas.

A tarde desenrola-se vagarosa e tu lês “As pontes de Madison County”, de Robert James Waller para mim. ( download do livro aqui )

“Já cheira bem," disse Robert apontando para o fogão. "É um cheiro tranquilo." Olhou para ela. "Tranquilo? Haverá algo que tenha um cheiro tranquilo?" Ela estava pensando na frase, interrogando-se a si mesma. Ele tinha razão. Depois das costeletas de porco e,dos assados que cozinhava para a sua família, aquilo era um cozinhado tranquilo. Não havia violência em nenhum ponto da cadeia alimentar, exceto, talvez, no fato de os vegetais serem arrancados. O guisado fervilhava lentamente e cheirava a tranquilidade. A atmosfera na cozinha era tranquila. “

(...)

“Sem darem por isso, tinham avançado lentamente pela pradaria e andado um bom pedaço; depois voltaram pelo mesmo caminho de volta para casa. A escuridão abateu-se sobre eles enquanto atravessavam a cerca, que desta vez ele segurou para que ela passasse. Francesca lembrou-se do conhaque. "Tenho ali conhaque. Ou prefere café?" "Há alguma possibilidade de serem ambas as coisas?" As palavras dele provinham da escuridão. Ela sabia que ele estava sorrindo. Quando chegaram ao círculo de luz que o candeeiro do pátio projetava na grama e no cascalho, ela respondeu: "Claro", percebendo na sua própria voz um tom que a perturbou. O som das gargalhadas espontâneas nos cafés de Nápoles. Não foi fácil encontrar duas xícaras que não estivessem lascadas. Embora ela soubesse que xícaras lascadas faziam parte da vida de Robert, desta vez queria xícaras perfeitas. Haviam dois cálices de conhaque, virados para baixo, na parte de trás do armário; nunca tinham sido usados, como o próprio conhaque. Francesca teve de se pôr na ponta dos pés para lhes chegar e percebeu que tinha as sandálias molhadas e os jeans muito apertados atrás. Ele estava sentado na mesma cadeira de antes, a observá-la.”

Agora desejo-te e sinto que não consigo conter-me muito mais. Massajo-te as costas, o pescoço, a nuca, os braços, o peito... e depois busco o teu beijo. Uma chuva torrencial desaba sobre nós quando começamos a fazer amor. Rimos, divertidos, com o prazer aumentado pela água fria que nos molha o corpo e nos arrepia a pele. A trovoada lá longe não chegou aqui, mas trouxe a bênção a uma região alargada. Ficamos abraçados e acabamos por adormecer, já abrigados da chuva e secos.


A noite aproxima-se quando me acordas , desenhando letras no meu peito e braços.


Regressamos a casa para trocar de roupa e irmos até à cidade. Chega-nos de lá o cheiro da foz, a sardinha assada, alho, manjericos e festa. Vamos parando em tasquinhas improvisadas, comemos, bebemos, cumprimentamos amigos, conhecidos e muitos outros que se cruzam connosco.

Lançamos os nossos balões no ar, dançamos, cantamos. O fogo de artifício explode e enche de luz e cor o céu nocturno, perfumado. É boa esta coisa que se sente no ar... e ficamos por cá. Não resistimos a trazer manjerico e algumas loiças de barro para o jardim.

Em casa, espera-nos Everyone says I Love You, com Woody Allen, Drew Barrymore e Natalie Portman, entre outros, no Dvd. Seguimos o cheiro do pão acabado de cozer, entramos na padaria e estamos outra vez entre amigos. Bom dia, trocamos, quando já todos pedem o conforto de um pão quente e uma cama feita de fresco.


O Professor e o Gato



Subidos os 6 lanços de 17 escadas em caracol, dobra-se para tirar os sapatos, arruma-os e abre a porta de casa. Elf, o gato, vem roçar-se-lhe nas pernas, para logo a seguir voltar para à poltrona onde preguiça o dia inteiro. "Estou a ficar velho"-pensa, enquanto põe água a aquecer para um chá. Apesar de o Verão estar à porta, o dia estava fresco e chovia desde a noite anterior. Com um fim de semana de 4 dias pela frente, Crist não sabia muito bem o que fazer. No liceu onde dava aulas de grego, alunos e professores falavam dos passeios que tinham programado e que nem a previsão de baixas temperaturas faziam alterar. Crist não tinha feito planos, excepto para essa noite. Toda a sua vida fora um cumprir rigoroso de agenda e horários, mas agora que tinha perdido a Mãe, algo tinha mudado.

Aquecido pelo chá, despido de quase toda a roupa, pega num dos seus charutos cubanos e num livro com mais de 100 anos, de folhas amarelas e com o cheiro que só os livros antigos conseguem ter. Folheia, mas volta a poisa-lo. Um charuto exige que todos os sentidos se concentrem nele. Só permite que a música continue, lenta, doce, estonteante, como o fumo que vai enchendo a sala rodeada de prateleiras cheias de livros e recordações de viagens a Cuba, Egipto, Grécia, Índia e Moçambique.

O telefone toca e vem acorda-lo das recordações do tempo em que era o menino prodígio e a sua irreverência era o skate que um dia lhe deixou na testa uma cicatriz em forma de 7. Era Anthony, a desmarcar o que tinham combinado: "Conheci uma loira de cabelos muito curtos. Fantástica!!! Depois conto como correu." E foi tudo, desligou.

Olha para a figura da Senhora de Fátima, no Altar que tinha dedicado à mãe e onde também havia um terço, uma Bíblia, uma vela e vários postais a dar as condolências e encolhe os ombros, com um sorriso desanimado. Um cancro levou-lhe a mãe, um italiano com manias de manequim levou-lhe a namorada, e agora... uma loira, leva-lhe o amigo, deixando-o com mesa reservada no restaurante e os bilhetes para o concerto Jazz.

La Bruja y el Diablo





Viola-me”, Ordeno-lhe

E ele, bruto, baixa-me as calças sem dificuldade, sem as desapertar sequer.  Roda-me e vira-me de costas para ele, apertando-me  contra ele. Ao mesmo tempo que os braços me contraem com força, as suas mãos são macias e não magoam quando ele faz a pressão certa nos meios seios. Depois, sem aviso, penetra-me fundo, de uma vez. E começa um vai e vem alucinante, no qual não me solta nem permite que me mexa.
Não é o vai e vem que me deixa louca, me faz gemer e  pedir-lhe mais. É a forma como me contrai, aperta, segura e espreme nos seus braços... É a forma como dança no fundo da minha vagina que se molha em desejo cada vez que ele me faz esperar para o sentir ou me deixa perto de um orgasmo e depois mo recusa.
Quase a desfalecer, eu, e sem força para continuar de pé digo-lhe para ir embora. Ele duro... Duro como nunca o tinha sentido antes. E passa-me a língua húmida no pescoço, para expirar a seguir e me fazer arrepiar.

Solta-me e deixa que eu me afaste, sem que tenha vontade de o fazer. “és louca, isto não se faz!” Fico a olhá-lo enquanto se compõe e se acalma. 

Bom fim de semana, Diabo”, digo-lhe com um sorriso de gozo, enquanto o vejo a caminhar para a porta.

Tu és

Hoje apesar de estar calor, ficámos por casa. O céu altera entre o azul limpo, nuvens brancas e outras negras. De vez em quando ouve-se um trovão e logo a seguir o céu desfaz-se num aguaceiro rápido e pesado que termina da mesma forma abrupta que começou, dois minutos mais tarde.
Tínhamos pensado sair, mas nem a Mariana teve vontade de tirar o pijama, nem eu vontade de me pentear.
Na varanda do prédio vizinho a mulher do casaco hoje tem uma camisola de manga curta num outro tom de rosa e no cabelo uma trança. Talvez um dia destes eu lhe acene e a convide para um chá...

Eu e a Mariana estivemos a brincar com as palavras :). As dela estão a negrito

Tu és um crocodilo
Tu és um peixinho
Tu és um mar
Tu és uma taça
Tu és muitas cores
Tu és um macaco
Tu és um céu
Tu és uma nuvem
Tu és o brilho das estrelas
Tu és duas flores
Tu és uma árvore
Tu és uma boca
Tu és sorrisos
Tu és um tapete
Tu és uma borboleta
Tu és um caleidoscópio
Tu és confetis
Tu és um papel
Tu és âmbar
Tu és escordiã (quando eu descobrir a tradução deixo-vos saber)
Tu és chocolate
Tu és uma televisão
Tu és o meu filme favorito
Tu és o meu cd
Tu és Azul
Tu és um comando
Tu és a minha oração
Tu és livros
Tu és a tinta das letras desses livros
Tu és lápis para pintar os livros
Tu és um miminho muito mimalho
Tu és um coelhinho que come cenoura
Tu és o meu colar de pérolas
Tu és um menino
Tu és uma brincalhona :)
Tu és um aquário
Tu és o meu nascer do sol
Tu és a Montanha
Tu és o trilho na Montanha
Tu és um avião
Tu és as minhas asas
Tu és um computador
Tu és as minhas bagas de goji
Tu és a minha Mãe

Rosa & Mariana

Papiloma

Não me apetece ser forte! Estou farta de ser forte... Porque me dizem que tenho que lutar, ir em frente? Porque me dizem para não chorar? Afinal porque não se calam estas vozes todas de quem pensa que sabe como me sinto?

Há algum tempo atrás o meu telefone tocou fora da hora normal. Eram 8 e um quarto da noite e no ecrã apareceu o nome da minha médica. O meu medo, o meu maior medo iria tomar forma real depois de eu atender... E eu atendi.

Não consegui reagir ou falar grande coisa. Bloqueei, paralisei, fiquei muda...

Não mudou o valor que eu dou à vida, nem comecei a temer a morte. Simplesmente passei a tomar atenção ao cheiro do meu corpo. Cheira a... decomposição, ainda vivo. Cheira a... algo que dói. Cheira a uma ferida que não cicatriza, a um vírus que me consome, a defesas em luta. Cheira... a vestígios do que foi o meu cheiro, em menina.

Se eu pudesse pôr as culpas em alguém... Se eu ao menos pudesse pôr as culpas em alguém, atirar a raiva contra um muro, desfazê-la com pancada, arrastá-la pelo chão, pisá-la, humilhá-la, fazê-la baixa... insignificante...

Se ao menos... eu tivesse um abraço onde me pudesse demorar... até ser forte de novo, até ter coragem e vontade para sorrir a partir de dentro, para me sentir pequena e chorar, até tudo passar... e ao acordar, ter sido apenas um sonho mau...

Guarda chuva

Há muitos anos atrás, quase há uma vida inteira, uma menina de 6 anos descia a rua principal da aldeia, de guarda chuva aberto, num dia quente, soalheiro e abafado de Verão. Passava pelos aldeões que riam dela e lhe perguntavam porque levava o chapéu de chuva aberto se não caía pinga de água. Ela respondia com um sorriso que a chuva não tardava e que como não conseguia abrir o chapéu sozinha, tinha pedido ajuda, porque sabia que não chegaria a casa antes que começasse a chover. Eles riam e abanavam a cabeça em jeito de gozo, depois encolhiam os ombros.
Uns metros mais abaixo, poucos minutos depois da conversa e dos risos trocistas, o céu começou a brilhar e a fazer barulho. Depois uma cortina de água espessa, apressada,escorrida,torrencial, violenta, veloz...

E a menina, debaixo do guarda chuva, sorria, completamente molhada e feliz.

Os velhos a partir desse dia deixaram de lhe atiçar os cães, de rir dela ou de a olhar no fundo dos seus olhos cor de Mar. Num lugar onde as lendas e histórias de lobisomens nascem, reconhece-se bem uma bruxa que comunica com a Natureza. E com as bruxas... ninguém quer nada!!

O Prometido é Devido

- Apetece-me fazer-te sexo oral, tira as calças :) :)

* O quê :)? Agora :) ?

- Sim, anda lá, ou não queres?
:)

*Quero, mas... :) (hesitante)

- Eu sei :)... mas o risco dá-me pica :)! A ti não?

*Dá... :)

- Então vá, do que estás à espera? :)

......................

- Uhmm, tou a ver que só com a conversa a coisa aqueceu :)...

Olha, faz um duche rápido que eu volto já!

* :) :) :)

Dois minutos mais tarde, de volta

* :) :)

- Oh... passou-me a vontade, vou embora! :) :)

* :) :)

Please please God, make me good

Hoje pedi-te um abraço porque as memórias que doem voltaram,tomaram conta de mim e não consigo manda-las embora... Tu não soubeste abraçar-me...não soubeste abraçar-me...

Não tenho dormido grande coisa e as dores de cabeça são quase constantes. A voz também perdeu a força, parece tê-la emprestado às visitas indesejadas, para que elas se tornem ainda mais presentes e vivas. Quando fecho os olhos, vejo-me outra vez menina de 7 anos. Uma menina quase igual a outras, que carrega um segredo e o terror nos ombros e que à noite reza a Deus para que saiba ser boa.

Quando se nasce a conhecer o cheiro podre do vinho, exalado em palavras incompreensíveis e muito acima do tom, não é fácil não ficar assustado. Quando o Sagrado é tocado, guarda-se silêncio para se continuar em vida e manter por perto quem se ama.

A oração repetia-se todas as noites, mas acho que o meu Anjo da Guarda falava uma língua diferente e nunca entregou o pedido lá no Céu por não perceber o que eu dizia. Uma noite, em que ele provavelmente estava a descansar, acordei com gritos. Lúcifer pegou-me pela mão, levou-me até à cozinha e mostrando-me a navalha grande, disse-me que era hora de agir. E eu obedeci! Caminhei até ao quarto, mas não fui capaz de acabar com o pesadelo.

Eu pensei que se fosse boa, as coisas más acabavam. Eu pensei que se guardasse silêncio ninguém mais iria começar o dia com marcas no corpo e na cara...

Um dia descobri que o que me dava asco, era a minha maior arma. Passei a usá-la sempre que o pronúncio se mostrava desfavorável. Deixei de misturar urina e lágrimas e brincava com os pés descalços, fazendo bolos de lama e jogando às escondidas e à apanhada.Pelo menos o resto da tarde era tranquila e à noite todos dormiam sossegados.

Passaram mais de 20 anos... e quando fecho os olhos... volto a ter 7...

N° Calças 26/30

Ainda o dia não vai a meio e eu sinto-me a desfalecer...
O dia começou com um despertar completamente despropositado, provocado por pesadelos parvos e sem sentido. O relógio ía nas 6 e 47, quando lhe peguei pra ver as horas, mas já estava acordada, a olhar o escuro, há algum tempo.
Normalmente, nos dias de semana, não desço a persiana do quarto, gosto de ter alguma luz quando o maldito despertador começa a tocar...
Ontem... e como é hábito nos fins de semana, desci a persiana. Queria dormir... mas não resultou em grande coisa, uma vez que acordei à hora do costume!

Pequeno almoço na barriguinha, coragem às costas e lá vou eu para o centro comercial. O objectivo era encontrar umas calças... O tema deixa-me algo nervosa, mesmo antes do momento de experimentar a roupa. Entrar  num centro comercial ao Sábado é o meu maior pesadelo no que diz respeito às compras. Além de não ter encontrado nada que me ficasse bem, ainda fui obrigada a constatar que os 3 kg que ganhei nos últimos 3 meses me estão a cair muito, muito mal nas pernas e barriga. Resumindo: Estou gorda e não consigo encontrar roupa que me fique bem = pesadelo!!!

Parece que afinal o peso dos 30 não é apenas um mito...


Para animar a coisa... pedi uma pizza. Mas acabei por não me sentir animada de todo...

Tou sem vontade e cheia de frio!!! Tenho saudades do sol a aquecer-me a pele... e já agora os pés!!!

Já disse ao Toni que lhe passava a roupa a ferro, com a condição de ele me oferecer um gato. É homem, não entende que uma mulher tem necessidades... Um gato, além de ser uma excelente companhia, ajuda a aquecer os pés em momentos como este...

Tou deprimida... E o pior... é que já não posso usar mais a desculpa do quarto minguante, nem da tensão pré-menstrual, porque já há uns 2 ou 3 dias que lhes deito as culpas e já ninguém acredita que isso possa durar tanto tempo.