Sou...

A minha foto
Zürich, Zürich, Switzerland
Irrequieta. Curiosa. Criativa. Apaixonada. Versátil. Nasci quando as estrelas se juntaram para me ditarem no destino a Arte. Deveria estar frio... mas eu não me lembro. Escrevo desde que aprendi a fazê-lo. Umas vezes para me divertir, outras por desafio a mim mesma, outras porque as mãos me suam, implorando que o faça. Talvez um dia dê ouvidos aos meus amigos e faça por escrever um livro e o publique. Os textos e fotografias deste blog são da minha autoria, salvo aqueles que estão assinalados em contrário.

A Carta

Depois de matar a saudade e saciar o desejo
Depois do amanhecer urgente
Depois de fugir ao teu despertar
Depois do trabalho que me fez feliz
Depois de um dia que se vai

Sabia bem os teus braços a aquecer-me na noite curta e fria que se apressa a chegar...

Te he echado de menos





- Tive saudades tuas- diz


* Ah?


- Tive saudades tuas...


* Baixo o volume do rádio- desculpa, não ouvi


- Tive saudades tuas!!!


E eu penso numa outra forma de o obrigar a repetir o que acabei de ouvir...

I feel you



Como se de um sonho se tratasse, guardo-lhe o sono enquanto dorme ao meu lado. Um sorriso leve ilumina-lhe o rosto sereno. O peito balança ao sabor da respiração tranquila.

Em noites de insónia, fico quieta, a olhá-lo e a tentar descobrir porque o sinto tão dentro de mim. Tenho esperança que a resposta nunca chegue, só para que as noites em que o contemplo não terminem.

Há uma calma confortável no calor que emana quando repousa. Uma calma que me faz querer ficar perto e no seu abraço.

Esvazio-me de perguntas, fecho os olhos e deixo-me embalar...

"Gosto das estrelas que tens no teu olhar" digo-lhe.



Afaga-me o rosto - " São horas de acordar dorminhoca"

Cactus



O teu Amor tem o cheiro do meu Amor...
O teu Sorriso tem o brilho do meu Sorriso...
O teu Olhar... bem... O teu Olhar...
Isso já é outra "Cousa" :P

Bússola sem Agulha

Sabes o que fiz às Rosas, Amor?

Deitei-as ao Mar e perdi-me com elas, por lá...


E esta ressaca constante de Ti...

 

Férias

Até já - digo-lhe. E desligo o telefone. Pego na chave do carro e voo até ao prédio onde mora. Subo, a correr, as escadas até ao quarto andar, paro para recuperar fôlego e aproveito o passar do comboio para abrir a porta sem que se aperceba da minha chegada. Na casa de banho uma banheira cheia à minha espera e ele. Entro e a luz pálida e suave das velas deixa-me confortável para que me dispa sem receio. Ele olha-me e mesmo antes que me consiga tocar, sinto-lhe os dedos na minha pele, os lábios macios, a boca quente, a língua húmida. Estende-me a mão e entro na água morna e perfumada. Nos primeiros momentos do reencontro as palavras são por norma escassas. Beijamo-nos. Umas vezes como que a matar saudades, demoradamente, languidamente. Outras vezes, ao contrário, o desejo é sôfrego, violento, exaltado. Sento-me de frente para ele e deixo que me lave o peito, as pernas, os pés com a espuma leve. Respondo o massajo-lhe o pescoço e as costas. Sabe bem a tranquilidade das noites sem planos e sem pressas, em que nos encontramos porque queremos.
Levanto-me e ele repete o gesto. Ajuda-me a espalhar óleo na pele ainda molhada enquanto brinco com os pelinhos que lhe salteiam o peito. Ri-se.
Queres preparar-me um chá?, peço-lhe. E ele acede, afastando-se com a toalha enrolada à volta da cintura. Enrolo-me no turco macio e espesso que faz lembrar os hotéis de 5 estrelas e as mil e uma noites em terras árabes. Adormeço quase instantaneamente mal caio na cama, para logo a seguir acordar com os dentes dele a trincar-me finamente os músculos do pescoço e os ombros. Subjuga-me prendendo-me os braços com as mãos e apoiando o peito nas minhas costas. Desliza sobre elas e afasta-me as pernas. Espera e faz-me esperar. Faz-se esperar. Gosta de me ver a debater-me com a vontade que tenho de o ter dentro de mim, com o desejo que me possua. E depois fá-lo, quebra a espera e o silêncio. Os gemidos misturam-se com a força com que me assalta e o som dos corpos que batem e deslizam um sobre o outro.
“Quero ver-te” e solta-me, permitindo que me sente em cima dele, que conduza a meu bel prazer o ritmo e profundidade de algo que transformo numa dança que me desperta, aquece e faz delirar. Aguento, tento controlar a respiração e manter-me num quase orgasmo que não explode mas cresce.
“Agora vem” e saio de cima dele, viro-lhe as costas, ajoelho-me e agarro com força as grades da cama. De rabo empinado, oferecida e rendida. Penetra-me e puxa-me sempre e cada vez mais para ele, segurando-me pelos ombros. Sinto-o duro, cada vez mais. O ritmo aumenta, as estocadas tornam-se mais altas e ecoam pela casa. Gemo, grito, sinto um calor crescente que me invade a nuca e se precipita pela espinha abaixo em direcção ao interior da minha vagina. Um arrepio sobe e desagua no interior da minha cabeça e no momento em que expludo, sinto a explosão dele. Vem-se sem dizer uma palavra, num grito contido, quase um esgar de prazer. Suor, fluidos e gargalhadas, que culminam em corpos cansados abandonados num abraço longo, salpicado de beijos, mimos e palavras roucas.

Segredos

Pego-te pela mão e puxo-te para mim. Digo-te baixinho, ao ouvido- vem, quero mostrar-te algo. Entramos no comboio e subimos a montanha. Seguimos depois por caminhos estreitos e carreiros apertados para desaguamos em clareiras limpas e amplas, ladeadas por árvores grandes, altas e fortes. A floresta abre-se para nós e na caminhada encontramos raposas, milhafres, águias, ratos do campo, grilos, gafanhotos, aranhas e um sem número de insectos e outros animais. Mostro-te os locais que sei de cor e falo-te do cheiro do pinhal, dos carvalhos, das acácias, bétulas... Cheira-se ainda o trigo quase pronto a ser colhido ali perto. São os campos abertos e dourados, que há pouco ainda se salteavam de vermelho que te quero mostrar. Sente-se o vento quente que agita as folhas acima de nós. O canto das cigarras torna-se mais próximo. Vês aquela árvore lá no alto? É lá que te quero levar. Abrimos caminho por entre o trigo alto e deixamos atrás de nós o rasto da nossa passagem. Lá em cima a sombra é fresca e a vista para poente desimpedida. Ficamos sentados, encostados ao tronco grosso do velho sobreiro. O sol desce e o céu tinge-se de rosa, laranja, ouro e fogo. Encostas a cabeça no meu peito, dedilho o teu cabelo. Aqui respira-se paz...



Chuva de Verão


A água cai como se fosse chuva de verão e molha-lhe a pele quente de um dia passado ao sol. Ainda tem na memória as  palavras que ele lhe escreveu na última mensagem que trocaram. Fecha os olhos e procura-se. Entrega-se a um prazer solitário que lhe arranca gemidos baixos, contidos. Um prazer que a molha em desejo e a faz contrair-se.

Em silêncio, ele olha-a, do lado de fora e quando o ritmo denuncia o que está a chegar, ele pergunta: “Posso juntar-me a ti?”
“Não me apercebi que tinhas chegado. Vem...”

Sem roupa, entra, pega-lhe ao colo e encosta-a contra o mármore frio da cabine de duche. A pele arrepia-se-lhe e ela aperta com força as pernas à volta da cintura dele.Deixa-se escorregar para o sentir, devagar, até ele desaparecer por completo dentro dela. Os braços fortes seguram-na sem dificuldade e ele faz-se entrar uma e outra vez, sempre mais fundo, mais dentro e mais rápido. Abranda apenas quando ela lhe crava as unhas nos braços, revelando estar perto de perder o controlo. Sabe que não tem muito tempo e que ela se derrete em prazer a cada investida.
“Não me faças esperar mais”, pede-lhe. E ele acede. Forte, vigoroso, possante e a cada novo assalto, sente-lhe o corpo a arquear-se, quente, húmido. A respiração torna-se-lhes mais rápida e os gemidos contidos transformam-se em gargalhadas que se misturam com o prazer que agora escorre e se vai com a água que os molha.

“Ainda bem que chegaste” diz-lhe ela sem o largar daquele abraço.

Dias Normais



Inspiro o cheiro que quase havia esquecido, e ao fechar os olhos, sinto uns braços que me envolvem, ternos e firmes. Procura-me os lábios, no escuro, toca-me e sinto o sabor de uma língua macia que procura a minha. Num instante tenho e céu como tecto e o inferno como chão. E perco-me, certa de que o quero fazer. Oiço a respiração dele, efegante, provocada pelo orgasmo que não mais se quer conter. Tento resistir, prolongar o prazer, mas os corpos deixaram de nos pertencer e já não obedecem. Contraimo- nos. Explodimos. E depois rimos e desdenhamos da saudade que nos trouxe até aqui.
Há diabos com sorte!!!

Janelas






Há janelas onde o tempo parece ficar perdido e esquecido...
Até ao momento em que ela acende a luz.
Sorri na preguiça de quem ainda sonha
e depois
levanta-se, dança e rodopia,
Dando um bom dia a si mesma e cheirando as flores que ficaram do jantar de ontem em cima da mesa.

Geminídeas



No dia em que deixei de sentir nojo dos homens que por vezes passavam pela minha cama, passei a sentir pena. Pena deles... e pena de mim. Saber que eram presas fáceis, fazia-me olhá-los, enquanto dormiam.Por vezes abandonava-os ali, num sono cansado de desejos saciados. Vestia-me, prendia o cabelo e saía sem deixar um último beijo ou um bilhete. Mas por uma vez, houve uns braços que me prenderam, ternos, meigos, quentes... E houve uma voz que me pediu para ficar até ser manhã. Foi uma noite fria de Dezembro, depois de uma festa em casa da Sophie. Fomos apresentados e colocaram-nos estrategicamente de frente um para o outro na mesa de jantar. Não desistem de tentar arranjar-me gajos decentes para ver se assento arraial em algum... Ele falava de Arte. Falava de pintores e escultores e nomes que eu nem sempre conhecia. E falava de cinema antigo e filmes a preto e branco... Lembro-me de ter sentido o coração saltar quando falou n’O Carteiro de Pablo Neruda. O tema voltou a mudar e falou-se de poesia... Sentia-me num remoinho que me embriagava os sentidos e deixei de conseguir perceber se isso acontecia por causa da voz melódica e ritmada ou se era pelas palavras que ele escolhia.

Ergui um pouco o copo para que me servisse do vinho italiano que acompanhava todos os outros sabores mediterrânicos que estavam na mesa.

A noite avança e a música ainda se faz ouvir. Há risos, boa disposição e aquele ambiente quente que Sophie consegue trazer sempre para as suas festas. Apesar de ser cedo, despeço-me dela, pedindo desculpas pelo cansaço que me força a regressar a casa.

“Tu parts dejá?”- pergunta Noah no momento em que abro a porta.
Oui... respondo-lhe com um sorriso

“Attend” E deita a mão ao casaco, acena um adeus aos restantes convidados e sorri-me de volta “Nous pouvont aller”

Solto uma gargalhada. “Nós podemos ir...” Repito divertida. Atravessamos o jardim e logo alcançamos o portão. Acendo um cigarro e encosto-me ao muro, a olhar o outro lado da rua. O fumo sobe e desfaz-se no ar.

“Desculpa... Queres? Pergunto entendendo-lhe o maço. Ele aceita e fumamos em silêncio.

Depois atravesso a estrada a faço abrir o pequeno portão em ferro. “Pensei que a viagem para te acompanhar a casa seria maior...”


“Mudei há duas semanas, Fico mais perto do trabalho. Obrigada pela companhia”- digo-lhe.

“Sei que estás cansada mas... Quero mostrar-te algo que tenho a certeza que vais gostar. Já não temos muito tempo. Vens comigo?”

Aceno positivamente sem pensar ou fazer perguntas. Ele dá-me a mão, morna, macia, grande e conduz-me até ao carro onde me abre a porta para entrar.

Entra também e diz a sorrir: “Gémeos”

Percebi naquele instante que falava do céu bem acima de nós e da chuva de estrelas que ocorria na posição daquela constelação.




O silêncio em que eu contemplava o céu foi quebrado: “Acho que gostas de estrelas.”

Suspiro. - “A minha gata chama-se Spica... Onde vamos?”

"Estamos a chegar."

Logo acima de Orion, estrelas cadentes pareciam jorrar como que de uma fonte. Era o dia de maior precipitação e por sorte, o céu estava limpo. Conduziu-me pelas escadas até ao jardim de Inverno, onde tinha o telescópio e um recanto confortável, que convidava a noites a observar o espaço.


“Vou preparar algo quente para nós. Fica à vontade”


Regressou com chá de maçã e canela. O cheiro perfumou o ar e quebrou a pouca distância que ainda havia entre nós. Recostados nas almofadas aveludadas e aquecidos debaixo de uma manta leve e macia, aconchega-me num quase abraço que encosta as minhas costas ao peito dele.

Uma, duas, três... e elas vão caindo a intervalos irregulares.

“Conta-se que Castor e Pólux, filhos de Zeus, além de serem irmãos eram muito amigos. Destemidos e aventureiros um dia decidiram ir para o Mar, para atacarem os piratas que assaltavam os marinheiros honestos. Numa das lutas Castor foi ferido mortalmente, o que deixou Pólux, imortal, numa tristeza extrema e o levou a pedir a Zeus que lhe permitisse ficar no mundo dos mortos com Castor, para sempre. O pedido foi aceite e Zeus colocou-os no céu, para que o exemplo da sua amizade fosse recordado na Terra” “Gosto destas lendas que falam de Deuses com sentimentos humanos”

Sigo o impulso e volto-me para ele. Beijo-o no canto da boca e ele segura-me a cabeça entre as mãos, terno e encosta os lábios dele aos meus.


“Obrigada por me teres trazido aqui Noah”



Volto a apoiar-me contra o peito dele, a noite avança e deixo que o cansaço me feche os olhos.
Há um calor que me embala, aconchegante e calmo.

Quando acordo, ainda noite, ele dorme sereno ao meu lado. Gémeos mudou de posição e já não se avista dali. Devem ser 4 e meia da manhã. Tento mexer-me o mais devagar possível para não o acordar. E no momento em que começo a levantar-me, ele puxa-me para ele, abraça-me e sussurra: “Fica! Tomamos o pequeno almoço e depois levo-te a casa.”



“Bolas!! Tenho que ir embora,” penso

Mentira



“Tiveste saudades minhas?” - perguntou-me 

Obriguei um sorriso a rasgar-se e baixei os olhos para o abraçar de seguida. Os olhos soltaram um tipo de água salgada e a boca abriu-se:

 “não, não te amo...”




Rei Negro


"Eu bem que tento, mas parece que ultimamente é só correria e por mais que eu queira parar, algo me continua a fazer correr. Tenho pressa em tudo, mesmo nos momentos em que decido parar. Olho o relógio para ver se o tempo também ficou a acompanhar-me ou se continuou sem mim, na marcha constante que trás dias e noites consecutivas. Tic-tac, tic-tac e o som lembra-me que tenho que me apressar, mesmo eu sabendo que não tenho nem preciso de ir a lado algum! Tic-tac, tic-tac... algo que faz acelerar e me deixa sobressaltada. Acho que preciso de férias... de ficar longe do barulho constante da cidade, do transito, do nervoso miudinho dos transeuntes, das portas que batem com força no apartamento por baixo do meu.
Esforço-me por recordar quais as coisas que defini como objectivos, mas a memória está a perder-se e tenho recaídas constantes.
Talvez nunca venha a acontecer nada ao avião que perdemos... talvez fosse suposto ficarmos em terra para o ver voar e lhe acenarmos um adeus. Talvez seja suposto aprender a ter asas, para não mais voltar a correr o risco de ficar em terra...

Incertezas... são as incertezas que me matam! E eu tenho pressa! Tenho pressa de as tornar claras, de as desfazer, de as desdobrar e entender...

Tenho pressa e hoje deixo-me ficar na pressa e deixo-me levar pela vida. Estou cansada, fecho os olhos e sonho. Sonho que o sonho que sonhava não era um sonho. Sonho com dias claros, azuis e verdes e violeta. Consigo cheirar as magnólias... e sentir os teus dedos a fazer anéis com a ponta dos meus cabelos"